Possivelmente o primeiro latino-americano a casar com uma pessoa do mesmo sexo em seu país, o ativista argentino Alex Freyre já comemorava na quarta-feira (14)a aprovação no Senado da lei que permite o casamento gay. Mesmo assim, afirmou que a votação, que classificou como “histórica”, não põe fim à discriminação.
“Temos que trabalhar para construir a igualdade social, o que ainda vai tomar muitos anos. Ter o direito de casar não significa que no dia seguinte a discriminação foi abolida. O que vai ser abolida é a discriminação que o próprio Estado ainda mantém dentro de suas leis”, disse Freyre ao G1 enquanto acompanhava a votação no Senado.
Ele casou com o também ativista José Maria di Bello em dezembro em Ushuaia, depois de terem tentado se casar em Buenos Aires. Apesar de questionado por juiz, o casamento abriu precedente e pelo menos outros nove casais homossexuais conquistaram o direito de casar por decisão judicial.
Foi o que impulsionou, na opinião de Freyre, o projeto a ser aprovado pelos parlamentares argentinos da Câmara em maio, e no Senado, a despeito da forte oposição da Igreja no país. “O catolicismo que nos persegue é o mesmo em vários países do mundo, mas a Argentina, assim como o Brasil, tem a Federação de Lésbicas, Gays, Transexuais e Transgêneros formada por pessoas que são verdadeiros heróis, que estão enfrentando um luta em que tem que se colocar de corpo e alma.”
A iniciativa prevê uma reforma no Código Civil, alterando a fórmula de "marido e mulher" pelo termo "contraentes" e prevê igualar os direitos que os casais heterossexuais têm, como a adoção, a herança e benefícios sociais.
“A [nova] lei não vai dar apenas a permissão para casar, mas a igualdade para que a gente não precise pagar um advogado para acionar o Estado e aguardar o resultado. Hoje mesmo, tanto na Argentina como no Brasil, gays e lésbicas começam a adotar seus filhos, mas têm que adotar como solteiros. Por isso também precisamos conquistar nosso direito de casar: para que nossos filhos não fiquem desprotegidos.”
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